Agroecologia na alimentação, com o projeto social Puxirum do Bem Viver

12:00

    O Projeto Puxirum do Bem Viver é um mutirão de Manaus da Sociedade do Bem Viver, uma organização sem fins lucrativos que desde 2019 atua na conexão de campo, floresta e cidade, tudo através da agroecologia. O funcionamento do mutirão é baseado em: arrecadação de doações em dinheiro, compra de produtores agroecológicos e doação de alimentos para famílias e comunidades vulneráveis. Esse ciclo ajuda quem produz e quem não tem como comprar, movimenta a economia sustentável local, preza pelo meio ambiente e ajudou a salvar diversas pessoas durante a pandemia.

A equipe Puxirum que é composta por cerca de 20 membros, atua principalmente em comunidades indígenas (por conta das características da região em que o grupo está localizado), respondeu algumas perguntinhas e apresentou o projeto diretamente para o Verdeante, dá uma olhada:

Pode me explicar um pouco do que é a Sociedade do Bem Viver? 

A Sociedade do Bem Viver é uma organização que juntou pessoas no Brasil todo, como nós aqui em Manaus, através do projeto deles chamado Mutirão do Bem Viver em resposta à pandemia. Pelo meio de uma vaquinha online e voluntáries, que colocaram a mão na massa e muito suor em diversas atividades, o “Mutirão” distribuiu alimentos agroecológicos em diversos territórios no país e além de visar montar hortas e cozinhas comunitárias. -- e os doadores que podem ser mensais -- Insubstituíveis, váries voluntáries do Mutirão em Manaus, por questões de urgência e percepção da realidade de Manaus,  acabaram construindo também essa ação chamada Puxirum do Bem Viver. 

E sobre Puxirum, como começou? 

    O Puxirum do Bem Viver é uma ação emergencial, nascida pela urgência que vivemos em Manaus nesse início de ano. Sabíamos e conhecíamos diversas pessoas que estavam precisando de algum apoio e resolvemos agir e nos organizar para tal da melhor forma possível. Transformamos nossas angústias em força para agir novamente e apoiar as pessoas nesse momento difícil através do esforço de nosses voluntáries de correr atrás de itens, telefonar, correr atrás de tudo necessário para ajudar. 

    Já o nome nasceu antes. Uma Comunidade Sateré Mawé em Manaus, a Associação das Mulheres Indígenas Sateré Mawé (AMISM), um grupo de mulheres artesãs que já vínhamos apoiando desde o ano passado através do Mutirão do Bem Viver e com elas, construímos uma pequena horta urbana com alimentos e ervas medicinais. Elas nos ensinaram a palavra Puxirum, que é sinônimo de mutirão em Sateré, e nos batizaram assim. Adoramos e o nome pegou. 

Como a agroecologia está inserida no contexto do projeto? 

    A agroecologia entra como forma de fortalecemos os pequenos produtores que geram alimentos saudáveis e diversos de maneira sustentável. É uma forma de produção de comida que respeita e valoriza peculiaridades culturais alimentares da região, que traz saúde para as famílias que consomem, que promove diálogos de saberes com culturas e práticas de plantio ancestral de povos que vivem em harmonia com a natureza. 

    Entendemos que a soberania e segurança alimentar nos territórios é muito importante, e que se elas estão dificultadas, a agroecologia é a melhor forma de tornar isso palpável e justo. A agroecologia não é só uma forma de produção, ela leva consigo pautas políticas como disponibilidade de alimentos, equidade social, preços justos, sustentabilidade ambiental. 

    Nossos parceiros são os produtores da Feira da Associação dos Produtores Orgânicos no Estado do Amazonas e principalmente os da Rede Maniva de Agroecologia, como os da Associação do Produtores Orgânicos São Francisco de Assis de Rio Preto da Eva – AM. 

E como funciona os processos do projeto? 
(De quem vocês compram, como compram e quais instituições/pessoas ajudam?)    

    O projeto funciona principalmente através de doações, de parceiros, amigos e a comunidade em geral que buscam ajudar de alguma forma a minimizar o caos que vivemos e acreditam no poder da solidariedade. As doações acontecem através de itens alimentícios ou de higiene que nos passam ou através de quantias em dinheiro enviadas para as contas que divulgamos. 

    A maior parte do dinheiro é utilizada na compra de itens de produção agroecológica dos produtores que falei. Dessa forma, mesmo agora que eles não estão com a produção expostas nas feiras, devido ao agravamento da pandemia, eles conseguem escoar esses alimentos através da gente. Ao pegarmos esses alimentos com os produtores, os separamos e higienizamos para serem levados aos locais que apoiamos.  Outra parte tem sido gasta em produtos de higiene e de Equipamentos de proteção individual onde tem ocorrido atendimentos emergenciais como a Unidade de Apoio Indígena no Parque das Tribos. 

    Temos apoiado principalmente comunidades indígenas de contexto urbano em Manaus, mas também outras em áreas rurais e aldeamentos. As que focamos nesse momento foram o Parque das Tribos, por ser um bairro multiétnico e muito grande onde as pessoas estavam precisando todo tipo de apoio, a Associação das Mulheres Indígenas Sateré Mawé (AMISM), a Coordenação dos Povos indígenas de Manaus e Entorno (COPIME) que centraliza apoio para dezenas de comunidades e nos tem apoiado tanto com logística quanto na indicação de famílias que precisam de algum apoio. 

Como alguém pode ajudar e conhecer o movimento? 

    O Puxirum Do Bem Viver está sendo principalmente divulgado através de aplicativos de mensagens e o nosso Perfil do Instagram @puxirummanaus ou Puxirum do Bem Viver Manaus. Lá você encontra informações sobre o PBV e nosses voluntáries e pode nos enviar mensagens para tirar dúvidas sobre doações e voluntariado. 

E qual a importância vocês acreditam existir no projeto Puxirum?
(Importância no geral, tanto pra comunidade, pra agricultores, pra quem participa como voluntário e pra sociedade) 

    O Puxirum além de ser um apoio nesse momento de crise sanitária e econômica, tanto para quem produz quanto para quem recebe os alimentos, tem gerado um sentimento maior de comunidade na cidade de Manaus. As próprias comunidades atendidas ajudam a distribuir da maneira mais justa possível os itens e tem apoiado outras pessoas que precisam. Vários agricultores, por termos essa relação mais próxima com eles e conhecerem nosso trabalho, já separam especialmente os alimentos para a gente e ficam satisfeitos em poder ajudar as vezes doando alguns itens para completar as cestas que fazemos. 

    O Puxirum se diferencia por levar alimentos frescos dos produtores de orgânicos às famílias em situação de vulnerabilidade, saindo da lógica convencional de levar somente alimentos que compõem a cesta básica e gerando senso de união e amizade entre todas as partes, comunidades apoiadas, agricultores, parceiros e voluntáries.


Conheci o Puxirum por meio do Beto (@margemdorio), que faz parte do projeto como voluntário, é estudante de farmácia, amazonense, cientista e artista, e que tive o prazer de conhecer por meio do instagram. Graças à ele, essa entrevista foi possível, e agradeço pela mediação dessa conversa e à quem devo agradecimentos. Também agradeço à toda a equipe que se organizou para responder as questões e principalmente ao Yago Santos. 

O trabalho que fazem salva vidas e alimenta não só pessoas, mas uma produção agrícola sustentável, eliminando ainda interceptadores de produtos agrícolas que dificultariam muito mais a compra e venda desses produtos.

Segue abaixo algumas fotos de ações que o Puxirum já realizou:

Liderança indígena Vanda WITOTO no parque das tribos recebendo doações.

Entrega na Associação de Mulheres Indígenas Sateré Mawé
Entrega no parque das tribos

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