As mulheres na ciência e no ativismo brasileiro: Marina Silva

16:22

 Marina Silva nasceu em 8 de fevereiro de 1958 em Rio Branco no estado do Acre, com o nome de Maria Osmarina da Silva. Filha de uma dona de casa e de um seringueiro, tinha o apelido de Marina e viveu durante a infância em uma palafita no seringal Bagaço. 

Marina Silva, ex-senadora e historiadora, com o brasão do partido fundado por ela, Rede Sustentabilidade

Começou a trabalhar no seringal aos 10 anos para pagar uma dívida que a família tinha com o patrão de seu pai. Aos 15 perdeu a mãe e se mudou para a capital do Acre para tratar de uma hepatite, foi acolhida pelo bispo do Acre e as freiras na casa das irmãs Servas de Maria, seu primeiro emprego foi como empregada doméstica e nos anos seguintes sofreu com inúmeras doenças, tais como hepatite, malária, contaminação por mercúrio e leishmaniose, tudo graças às condições terríveis de infraestrutura sob as quais viveu no seringal com sua família.

Marina foi alfabetizada apenas aos 16 anos e agora poderia prosseguir seus estudos como sempre quis. Cursou História na Universidade Federal do Acre, formando-se aos 26 anos, depois se especializou por em teoria psicanalítica e psicopedagogia, e além disso, se dedica também à vida política. Foi vereadora em Rio Branco, deputada estadual e posteriormente, senadora do Acre (a mais jovem, aos 36 anos) entre 1995 a 2011 e ministra do meio ambiente de 2003 a 2008, além de se concorrer à presidência da república diversas vezes. Em 2018, fundou seu partido político REDE Sustentabilidade, que visa a luta ambiental e social, assuntos com os quais Marina sempre lutou para conseguir, desde quando estava na universidade e lutando ao lado de Chico Mendes.

Marina Silva com Chico Mendes

A frente do ministério do meio ambiente, Marina foi uma das mais firmes ministras que enfrentou desavenças até dentro da própria equipe do governo, com outros ministros acusando-a de atrasar liberação de licenças ambientais para obras de infraestrutura. Marina disse que não estava disposta à flexibilizar sua forma de gestão apenas para se manter no governo. Ela denunciou pressões que a pasta sofria de governadores do Mato Grosso (Blairo Maggi) e da Rondônia (Ivo Cassol) que queriam rever as licenças para desmatamento da Amazônia. Ela foi a responsável por desenvolver o Plano Amazônia Sustentável (PAS) - que busca uma parceria entre governo federal e os governos dos estados da Amazônia para gerar estratégias e projetos locais para desenvolvimento sustentável da região, mas esse plano foi entregue a Roberto Mangabeira (como se fosse de sua autoria) e, por isso, Marina pediu demissão do governo.

A discussão entre conservação do meio ambiente e desenvolvimento, para mim é um falso dilema. Ainda que na prática tenha que ser superada, não é possível advogar pelo desenvolvimento sem promover a conservação ambiental. As duas questões fazem parte da mesma equação — Marina Silva, abril de 2007.

No mesmo ano dessa frase, em 2007, o jornal The Guardian incluiu a senadora na lista entre 50 pessoas que podem ajudar salvar o planeta. 

Além disso, recebeu muitos outros prêmios internacionais: "2007 Champions of the Earth", o principal prêmio da ONU na área ambiental. Em 1996, ganhou o prêmio Goldman, considerado o Nobel do Meio Ambiente. Em 2008, ganha do príncipe Philip, a Medalha Duque de Edimburgo em reconhecimento à sua luta pela preservação da Amazônia. Em 2009, prêmio Sophie da Sophie Foundation, para pessoas e organizações que se destacam no desenvolvimento sustentável, e também ainda nesse ano, recebe o Prêmio sobre Mudança Climática da Fundação Príncipe Albert 2° de Mônaco. Desde 2011 representa a América Latina no Millennium Development Goals (MDG) Advocacy Group junto com a ONU.

E mesmo ouvindo muitos dizerem que não alcançaria seus objetivos ou tida como frágil, Marina Silva superou tanto as doenças que a vida lhe rendeu diversas vezes, como todas as falas que duvidavam da sua luta e de sua força.

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