A fotografia nos conflitos

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     Hoje, dia 19 de Agosto, é o dia da fotografia, a forma de comunicação universal que consegue transitar nos mais diferentes espaços do mundo.

A fotografia pode estar presente na área da moda, retratista, documental, ambiental, geopolítica, animal, e em infinitos espaços que eu nem saberia dizer. Imagens capturam o sentimento das pessoas assim como a música, elas traduzem o que é visto pelo fotógrafo, permite que cenários distantes se aproximem das pessoas e as informa. Ela pode conscientizar, educar e mobilizar populações.

As imagens vencedoras da Competição Fotógrafo Ambiental do Ano da Chartered Institution of Water and Environmental Management – CIWEM são exemplos da atuação importantíssima dessa arte na conscientização ambiental, alarmando para os problemas que já ocorrem em todo o mundo.

Limpeza subaquática no Bósforo, pelo projeto Zero Waste Blue. Fotografia de Sebnem Coskun, 2019.

Aterro sanitário de Sisdol, no Nepal. Fotografia de Valerie Leonard, 2019.

Atualmente vemos a função ambiental/social da fotografia voltada à questão ambiental nos registros das queimadas que ocorrem ao redor do mundo.

Queimadas ocorrem no lugar mais gelado do mundo, a Sibéria em 2021. Fotografia de Maxim Slutsky / Getty Images
Queimadas na ilha de Eubeia na Grécia, em 2021. Fotografia de Angelo Tzortzinis / AFP
Pantanal em chamas, 2020. Fotografia de João Farkas

O fotógrafo documental João Farkas lançou um livro recentemente chamado "Pantanal" com imagens do bioma o qual ele registrou durante anos, dizendo que foi o lugar onde viu as maiores belezas de sua vida. Farkas diz que fez esse livro para que, por meio das fotos, as pessoas possam se aproximar mais do bioma, conhecê-lo mais e amá-lo mais, e assim aprender a respeitar. 

A fotografia é importante justamente por isso, aproximar assuntos que parecem ser tão distantes porque não ocorrem perante nossos olhos ou ao nosso redor. 

Nisso vem também a fotografia documental e a antropologia (ou seja, o registro de populações/comunidades e culturas diferentes da própria do fotógrafo, com vivências). Fotografias assim nos permite conhecer características de outros povos e entender mais diferentes culturas. 

Sebastião Salgado é um reconhecido fotojornalista brasileiro que tem trabalhos na área antropológica, assim como Claudia Andujar que trabalhou durante anos com povos indígenas, principalmente os Yanomami.

Homens da tribo Zoé, no Pará. Fotografia de Sebastião Salgado
Série Catrimani (1971-1972). Fotografia de Claudia Andujar

A fotografia está em todos os espaços, em momentos bons e ruins, em ambientes e cenários belos e cruéis, e é graças ao trabalho de fotojornalistas de conflitos, principalmente, que sabemos o que está acontecendo no Afeganistão, por exemplo.

Talibã patrulhando Cabul, 2021. Fotografia de Rahmat Gul / AP

Realidades podem ser mudadas por meio dela. De acordo com o documentário Hondros, que conta a história de vida do fotógrafo, na Guerra da Libéria (1989-1996), cerca de 10 fotojornalistas mandaram tantas imagens para a imprensa durante o tempo que ocorreu, que a pressão internacional se tornou imensa e a ONU adentrou o país tentando um acordo de paz, o que aconteceu pouco tempo depois.

Membro da milícia liberiana leal ao governo comemora depois de disparar uma granada contra forças rebeldes numa ponte em 20 de julho de 2003 em Monrovia, Libéria.

A fotografia portanto vai além da arte e do registro, ela envolve a realidade e tem a capacidade de escancarar problemáticas que muitas vezes o mundo não quer ver, tem a capacidade de tocar e mobilizar pessoas, ao mesmo tempo que podem ser poéticas e carregar diferentes tipos de beleza. 

Como diria o fotógrafo Dan Eldon (dono de um ativismo criativo do qual já falei aqui toda pessoa tem a capacidade de promover um efeito positivo no mundo, seja por meio da fotografia ou como você souber.

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